Santa Maria

VÍDEO: em dia de retorno, greve de atividades presenciais tem forte adesão de professores

Leonardo Catto

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Foto: Renan Mattos (Diário)

Matéria atualizada em 18 de maio de 2021 às 17h07min

A rede municipal retomaria as atividades presenciais nesta terça-feira. Entretanto, os professores optaram por uma greve ambiental, com a manutenção apenas das atividades remotas, a exemplo do que acontece desde o início da pandemia.


O Sindicato dos Professores Municipais (Sinprosm) estimou que 65% do magistério aderiu à greve. Isso faria com que 52 das 80 escolas de Santa Maria não tivessem atividades presenciais. Até a noite de segunda-feira, a Secretaria de Educação ainda não havia mensurado quantas instituições retornariam presencialmente.

52 escolas municipais não vão reabrir para retomada presencial nesta terça-feira

Na manhã desta terça, contudo, a aderência à greve se mostrou forte na cidade. A reportagem do Diário visitou, até as 9h, cinco escolas. Todas tinham apenas atividades remotas por decisão dos professores.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)

Na Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Castro Alves, no Bairro Passo D'Areia, apenas o corpo diretivo e funcionários estavam no local. Os 420 alunos vão seguir com aulas online ou retirada do material físico. A escola tem demarcações de distanciamento, mas, no momento, elas ainda não são necessárias sem os alunos.

- Nossos professores todos aderiram à greve ambiental. Nossa escola continuará tendo os trabalhos remotos do jeito que sempre foi desde antes, e não vamos ter aulas presenciais neste momento devido ao grande número de internações e também o avanço da Covid-19 no município - afirmou a diretora Rejane da Trindade Viegas.

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A estrutura para retomada também era garantida na EMEF Chácara das Flores, onde são matriculados 297 estudantes. Entretanto, todos os professores mantiveram atividades remotas. A mesma situação se repetiu na Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Montanha Russa, no Bairro Itararé. Lá, os professores ainda vão se reunir oficialmente com a direção nesta quarta-feira, mas a tendência é a manutenção de atividades remotas para as 160 crianças atendidas.

- O que a gente tem observado, pelo formulário da prefeitura, é uma baixa aderência aqui na escola. Das famílias que responderam, a gente também tem uma aderência baixa de retorno presencial. Aqui na escola, a gente está organizado. Cada escola tem uma situação bem específica. Dentro das condições possíveis, fizemos as adequações para o retorno - diz a coordenadora pedagógica da Chácara das Flores, Greice Scremin, onde todos os professores aderiram ao movimento.

Na EMEF Duque de Caxias, as aulas até iriam retornar conforme o planejamento da semana passada. Porém, a direção optou por aderir ao movimento da categoria, juntos dos professores da escola.

- No início, nós iríamos retornar. Em abril, fizemos a primeira reunião e planejamos o retorno para o dia 18 de maio. Mas devido à circulação do vírus, retrocedemos nosso processo - contou a diretora Sílvia Beatriz Silva.

data-filename="retriever" style="width: 100%;">Foto: Renan Mattos (Diário)
Diretora Sílvia Beatriz Silva entende que não é o momento para retomar presencialidade

A Duque de Caxias atende 580 alunos. A direção mensurou que pelo menos 34 deles (6%) não têm acesso à internet. A ideia é que, em um cenário de controle da pandemia, pelo menos esses possam retornar, mas não há previsão para isso acontecer.

Sílvia reitera que o ensino remoto é desgastante para os professores, mas que, ainda assim, é considerado mais adequado pela segurança diante do coronavírus. Ela projeta que, com o número de alunos da escola, cerca mil pessoas poderiam circular a mais na cidade no processo de levar e buscar os estudantes.

- No ensino remoto, nosso alunos nunca pararam. Os professores têm trabalhado excessivamente, eu diria. Nossas aulas não são iguais às presenciais, e isso exige uma demanda maior ao professor. Agora a gente leva a escola para casa, continua trabalhando, no sábado, no domingo, à noite, de manhã cedo... Eu espero que a comunidade santa-mariense compreenda essa situação. Precisamos nos unir e estudar para, de alguma forma, achar o caminho para aprender - argumentou.

A EMEI Vila Jardim, em Camobi, apresentava um cenário diferente. As aulas não foram retomadas nesta terça-feira, mas apenas porque a Secretaria de Educação ainda não fez a vistoria para apurar se a escola cumpre os protocolos. A visita não tem previsão certa para acontecer, mas pode ser em até três semanas, conforme a escola. Quando estiver confirmada a aptidão do local, a diretoria espera retornar com atividades. A direção estima que 80% dos responsáveis pelos 112 alunos desejam o retorno presencial.

- A gente está aguardando a visita para ver se cumprimos os protocolos e gradativamente vamos receber nossas crianças. A gente acha que as coisas tem que começar a voltar aos pouquinhos e vamos começar. Procuramos cumprir os protocolos, a vacina não sabemos quando vai vir. Então, a gente acha que é necessário dar esses primeiros passos - falou a coordenadora Maria Colissi.

Segundo Maria, a prefeitura repassou para a escola máscaras, face shields (protetores faciais de plástico), além de desinfetantes e dispenser para álcool em gel. Por conta própria, a escola adquiriu tapetes desinfectantes.

Ao todo na rede municipal, cerca de 15 mil formulários foram preenchidos. Aproximadamente 62% dos pais e responsáveis optam pelo ensino remoto, conforme as respostas.

CRONOGRAMA
O restante do calendário municipal prevê a retomada de outros anos ainda para maio. Na próxima quinta-feira, voltam para as escolas que tiveram atividades as turmas de 3º, 4º e 5º anos do Ensino Fundamental. As aulas presenciais do 6º ao 9º ano e EJA estão previstas para semana que vem, em 24 de maio.

O retorno é facultativo e escalonado de modo que não haja lotação de alunos nas escolas. Desde o final de fevereiro, a prefeitura disponibilizou um formulário online para que os responsáveis preenchessem o interesse de retomada ou não do ensino presencial.

A determinação é que o atendimento presencial seja, no mínimo, duas vezes por semana para cada turma. As atividades não devem passar de, no máximo três horas. Na Educação Infantil e nas escolas de tempo integral e com dias alternados, a prefeitura recomenda a ampliação do tempo de permanência gradativamente conforme a adaptação das crianças e dos recursos materiais e humanos de cada escola.

Em nota, a prefeitura considera que o retorno presencial não foi substancial nesta terça, mas não disse quantas escolas funcionaram presencialmente. O Executivo também não sabe quantos professore aderiram à greve ambiental, mas tenta mensurar o dado junto às escolas. O entendimento é de que as quando acharem conveniente em respeito à prevenção da Covid-19.

Sobre a greve, a prefeitura afirma respeitar os "processos que fazem parte do ambiente democrático" e que vai priorizar o diálogo com os envolvidos neste caso. É ressaltado pelo Executivo que o pedido para a vacinação de professores foi feito por meio da Procuradoria Geral do Município (PGM) ao ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que foi sancionada, em abril, uma lei municipal que estabelece prioridade para a vacinação contra a Covid-19 aos professores e demais trabalhadores da educação pública municipal, estadual e privada que têm contato direto com os alunos. Entretanto, para que essa prioridade seja, de fato, executada, é necessário que ela esteja contida nos planos de vacinação dos governos estadual e federal.

JUSTIÇA
O Sinprosm havia ajuizado uma ação civil contra a retomada presencial enquanto perdurar o estado de emergência de saúde pública e de calamidade decorrente da pandemia ou enquanto não ocorrer a imunização massiva da população brasileira por meio de vacinação. Entretanto, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) negou o pedido.

VACINAÇÃO
Uma das demandas dos professores, a nível municipal e estadual, é a retomada somente depois da vacinação de trabalhadores das escolas. Recentemente, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) e o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) decidiram que os municípios poderiam usar doses que sobraram dos grupos de comorbidades para a educação. Entretanto, o Estado recuou na decisão depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir a vacinação de professores no município gaúcho de Esteio.

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